
As empresas
nacionais estão exportando mais e melhor. Esta é a percepção de escritórios de
advocacia que trabalham diretamente com propriedade intelectual e registro de
marcas. Segundo especialistas ouvidos pela ConJur, entre 2010 e
2011, houve um crescimento na quantidade de marcas brasileiras consolidadas nos
mercados estrangeiros. Isso porque, em vez de partes de produtos — solas de
sapato e artigos para confecção, por exemplo — ou mercadorias sem marcas
impressas, as empresas estão exportando manufaturados de qualidade, o que exige
o registro das marcas em outros países.
É o que
explica Filipe Fontelles Cabral, advogado do escritório Dannemann
Siemsen. “Notamos em nosso escritório um aumento de 30% em depósitos de marcas
brasileiras nos últimos dois anos. Antigamente, o número era quase fixo. De
2010 para cá, pequenas e médias empresas estão exportando mais e atentando para
o fato de que é necessário fazer o registro de suas marcas também”, diz o
especialista. Para ele, o fato modifica a forma como o produto brasileiro é
visto no exterior — agora, com mais identidade. “Os artigos nacionais passam a
ser reconhecidos por suas marcas nos países estrangeiros, seja pela marca final
do produto, seja pelo selo do fornecedor.”
Carina Souza
Rodrigues, advogada do escritório
Daniel Advogados, entende que a mudança mostra um novo traço do empresariado
brasileiro: aliar a proteção da marca ao planejamento estratégico. “As empresas
têm entendido que a propriedade intelectual, a marca, muitas vezes vale mais do
que toda a propriedade física de uma companhia. Elas investem em inovação, em
planejamento, mas também no registro das marcas como forma de proteger todo o
investimento que foi feito”, explica.
Para ela, o
crescimento de aproximadamente 20% no registro de marcas brasileiras no
exterior percebido pelo escritório foi resultado de fatores, como o crescimento
econômico do país, a moeda forte e o fato de as empresas levarem em conta os
problemas que a falta do registro podem gerar para a exportação. As estimativas
englobam também as franquias brasileiras que desembarcaram em solo estrangeiro,
especialmente em Portugal e na Espanha.
Fatia promissora: As áreas que mais se destacam em
registros de marcas no exterior e que foram mais lembradas pelos escritórios
são as ligadas ao mercado da moda e ao setor alimentício. Alimentos naturais,
tipicamente brasileiros, e até restaurantes têm chamado a atenção do mercado
internacional pelo número de registros. Outros dois segmentos que vieram em
seguida em número de citações, foram o farmacêutico e veterinário.
Luiz Henrique do
Amaral, presidente da
Associação Brasileira de Propriedade Intelectual e também advogado do Dannemann
Siemsen, vê esse mercado aquecido. “O Brasil entrou na moda internacional. No
exterior, é possível ouvir música brasileira tocando em vários lugares. No
verão, sandálias havaianas estão por todo lugar, assim como alimentos como
guaraná e açaí. A visibilidade das marcas aumenta e, com isso, precisa haver
proteção”, diz.
Para Wilson
Pinheiro Jabur, do escritório Salusse Marangoni, que também registrou
aumento de 20% em pedidos de depósito de marcas brasileiras no exterior, o
registro é essencial para evitar atos de má-fé. “O registro é uma medida
preventiva de proteção. Acontecem casos em que antigos fornecedores ou
concorrentes tentam registrar a marca brasileira no país em que está e isso
gera muita briga”, conta. Segundo ele, mesmo que a empresa ainda não exporte
seus produtos, é importante que a marca seja registrada como medida preventiva,
evitando fraudes e pirataria, por exemplo.
Para se precaver, os
advogados aconselham que as empresas, primeiro, verifiquem se a marca que vão
utilizar está disponível para ser registrada no Instituto Nacional da
Propriedade Intelectual. Depois disso, que façam o registro da marca nos países
em que pretendem exportar ou garantir presença, e atentem para o princípio da
territorialidade, que dita o direito à proteção da marca em cada país — ou
seja, se ela está registrada em determinado país, a proteção vale apenas lá.
Patentes em
ascendência: No
mesmo ritmo de crescimento das marcas, o depósito de patentes brasileiras no
exterior também registrou aumento considerável nos últimos quatro anos. De
acordo com informações do sistema global de patentes do Patent Cooperation
Treaty (PCT), os pedidos de patentes, neste período, aumentaram em 43%, sendo
que 17% se referem somente ao ano de 2011. A performance rendeu ao Brasil a
marca de 572 pedidos, de acordo com estimativas divulgadas pela Organização
Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), como informou reportagem do jornal Valor
Econômico.
Os dados da OMPI
mostraram que enquanto os Estados Unidos e a Europa ainda tentam se recuperar
da queda registrada após a crise de 2008, outros países integrantes do BRICs,
além do Brasil, também avançaram bastante nos pedidos de patentes.
O presidente do
Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), Jorge Ávila, disse à
revista Amanhã que “os empresários brasileiros estão despertando para a
importância de proteger e explorar a propriedade intelectual”. Ele diz ainda
que a procura pelo registro de patentes tem sido grande e que, até o final do
ano de 2012, o órgão deve receber 35 mil pedidos de patentes e 160 mil de
marcas, o que representa um aumento de 9,5% e 5%, respectivamente, em relação a
2011. Para atender a essa demanda, o INPI pretende investir mais na agilidade
para a liberação dos pedidos, por meio de processos automatizados.
*FONTE: Revista Consultor
Jurídico, 3 de julho de 2012
As empresas
nacionais estão exportando mais e melhor. Esta é a percepção de escritórios de
advocacia que trabalham diretamente com propriedade intelectual e registro de
marcas. Segundo especialistas ouvidos pela ConJur, entre 2010 e
2011, houve um crescimento na quantidade de marcas brasileiras consolidadas nos
mercados estrangeiros. Isso porque, em vez de partes de produtos — solas de
sapato e artigos para confecção, por exemplo — ou mercadorias sem marcas
impressas, as empresas estão exportando manufaturados de qualidade, o que exige
o registro das marcas em outros países.
É o que
explica Filipe Fontelles Cabral, advogado do escritório Dannemann
Siemsen. “Notamos em nosso escritório um aumento de 30% em depósitos de marcas
brasileiras nos últimos dois anos. Antigamente, o número era quase fixo. De
2010 para cá, pequenas e médias empresas estão exportando mais e atentando para
o fato de que é necessário fazer o registro de suas marcas também”, diz o
especialista. Para ele, o fato modifica a forma como o produto brasileiro é
visto no exterior — agora, com mais identidade. “Os artigos nacionais passam a
ser reconhecidos por suas marcas nos países estrangeiros, seja pela marca final
do produto, seja pelo selo do fornecedor.”
Carina Souza
Rodrigues, advogada do escritório
Daniel Advogados, entende que a mudança mostra um novo traço do empresariado
brasileiro: aliar a proteção da marca ao planejamento estratégico. “As empresas
têm entendido que a propriedade intelectual, a marca, muitas vezes vale mais do
que toda a propriedade física de uma companhia. Elas investem em inovação, em
planejamento, mas também no registro das marcas como forma de proteger todo o
investimento que foi feito”, explica.
Para ela, o
crescimento de aproximadamente 20% no registro de marcas brasileiras no
exterior percebido pelo escritório foi resultado de fatores, como o crescimento
econômico do país, a moeda forte e o fato de as empresas levarem em conta os
problemas que a falta do registro podem gerar para a exportação. As estimativas
englobam também as franquias brasileiras que desembarcaram em solo estrangeiro,
especialmente em Portugal e na Espanha.
Fatia promissora: As áreas que mais se destacam em
registros de marcas no exterior e que foram mais lembradas pelos escritórios
são as ligadas ao mercado da moda e ao setor alimentício. Alimentos naturais,
tipicamente brasileiros, e até restaurantes têm chamado a atenção do mercado
internacional pelo número de registros. Outros dois segmentos que vieram em
seguida em número de citações, foram o farmacêutico e veterinário.
Luiz Henrique do
Amaral, presidente da
Associação Brasileira de Propriedade Intelectual e também advogado do Dannemann
Siemsen, vê esse mercado aquecido. “O Brasil entrou na moda internacional. No
exterior, é possível ouvir música brasileira tocando em vários lugares. No
verão, sandálias havaianas estão por todo lugar, assim como alimentos como
guaraná e açaí. A visibilidade das marcas aumenta e, com isso, precisa haver
proteção”, diz.
Para Wilson
Pinheiro Jabur, do escritório Salusse Marangoni, que também registrou
aumento de 20% em pedidos de depósito de marcas brasileiras no exterior, o
registro é essencial para evitar atos de má-fé. “O registro é uma medida
preventiva de proteção. Acontecem casos em que antigos fornecedores ou
concorrentes tentam registrar a marca brasileira no país em que está e isso
gera muita briga”, conta. Segundo ele, mesmo que a empresa ainda não exporte
seus produtos, é importante que a marca seja registrada como medida preventiva,
evitando fraudes e pirataria, por exemplo.
Para se precaver, os
advogados aconselham que as empresas, primeiro, verifiquem se a marca que vão
utilizar está disponível para ser registrada no Instituto Nacional da
Propriedade Intelectual. Depois disso, que façam o registro da marca nos países
em que pretendem exportar ou garantir presença, e atentem para o princípio da
territorialidade, que dita o direito à proteção da marca em cada país — ou
seja, se ela está registrada em determinado país, a proteção vale apenas lá.
Patentes em
ascendência: No
mesmo ritmo de crescimento das marcas, o depósito de patentes brasileiras no
exterior também registrou aumento considerável nos últimos quatro anos. De
acordo com informações do sistema global de patentes do Patent Cooperation
Treaty (PCT), os pedidos de patentes, neste período, aumentaram em 43%, sendo
que 17% se referem somente ao ano de 2011. A performance rendeu ao Brasil a
marca de 572 pedidos, de acordo com estimativas divulgadas pela Organização
Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), como informou reportagem do jornal Valor
Econômico.
Os dados da OMPI
mostraram que enquanto os Estados Unidos e a Europa ainda tentam se recuperar
da queda registrada após a crise de 2008, outros países integrantes do BRICs,
além do Brasil, também avançaram bastante nos pedidos de patentes.
O presidente do
Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), Jorge Ávila, disse à
revista Amanhã que “os empresários brasileiros estão despertando para a
importância de proteger e explorar a propriedade intelectual”. Ele diz ainda
que a procura pelo registro de patentes tem sido grande e que, até o final do
ano de 2012, o órgão deve receber 35 mil pedidos de patentes e 160 mil de
marcas, o que representa um aumento de 9,5% e 5%, respectivamente, em relação a
2011. Para atender a essa demanda, o INPI pretende investir mais na agilidade
para a liberação dos pedidos, por meio de processos automatizados.
*FONTE: Revista Consultor
Jurídico, 3 de julho de 2012
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